quinta-feira, 31 de maio de 2012

E NA ÁGUA COMO SERIA?


Sempre que eu pensava em sobrevivência logo me vinha a mente selva, mata e campo, mas tudo mudou quando sai da terra firme e fui visitar a grande ilha no ano passado, o Marajó.  






Eu já tinha andado de barco antes (chamamos aqui de pôpôpô), mas em distancias pequenas indo para ilhas mais próximas como Cotijuba e outras. Se o barco virasse, já sabia o que fazer. Eu pegaria  um colete salva vidas e era só seguir a correnteza em direção a margem. Afinal como já disse, cresci em beira de rio e sei nadar muito bem. Me afoguei quando criança e sei muito bem o que se deve e o que não se deve fazer nessas horas (outra hora talvez eu conte essa história).
  
Mas Conforme o navio ia se afastando das docas, comecei a perceber o quanto a baía era extensa. Enquanto avistava a terra firme estava tudo bem, pois sabia para onde poderia ir. Contudo num dado momento da viagem começou a bater uma certa insegurança, não conseguia enxergar pontos de de referência.

Baía do Guajará

Dai eu pensei, ferrou! e agora? o que posso fazer aqui pra me salvar e salvar minha esposa?

Boa parte dos manuais de sobrevivência usam como parâmetro naufrágios no meio do mar, em  embarcações bem equipadas com  células ou botes de sobrevivência cheios de apetrechos. Infelizmente o navio em que eu estava não dispunha de todos estes recursos, mas tinha coletes e havia algumas coisas encima do navio, mas não consegui definir se eram boias ou pequenos botes. 


 
Mais uma vez...e agora?

Como dimmy neutron eu dizia pra mim mesmo: -Pensa! Pensa! Pensa! Dai comecei a olhar  a minha volta, as coisas começaram a clarear. Vi que ficamos numa área privilegiada, pois ficamos na parte superior do barco. Se ele virasse, não correria o risco de ficar preso e se ele afundasse gradativamente seria a ultima parte a afundar me dando tempo pra tentar mais alguma coisa.

O coletes ficavam bem próximo de nós, outro ponto bom. Depois fiquei pensando que mesmo eu nadando bem,  a margem não estava visível, não saberia exatamente pra onde ir.

Com a correnteza o esforço seria muito grande, é ia morrer nadando. Ainda que eu apenas direcionasse meu flutuamento, não saberia pra onde estava indo e estaria me afastando cada vez mais da área do acidente e a possibilidade de resgate ficaria mais distante.

Passei a mão no bolso e olhei pro meu celular, caramba!!!!! vi que exatamente naquele ponto no meio do nada o sinal estava firme e forte. Santa tecnologia!!!. Vi ali a possibilidade de um resgate mais preciso. Liguei rapidamente para um ente querido e passei a coordenada de onde eu estava e se algo acontecesse eu teria como informar também. 

Acho que se o rio não estiver  revolto, até nadando eu conseguiria ligar.

Ainda tinha um agravante, minha esposa não sabia nadar. Neste caso retirar um colete e deixar com ela era a melhor opção. Além disso não poderia me soltar dela.

O que eu pude concluir com isso? nesse quadro as variantes são muitas e as alternativas são poucas. Uma regra nos manuais de naufrágio se aplica aqui também... o tempo é crucial e você já ter uma ideia do que fazer ajuda muito e você deve fazer em tempo hábil. 

Saiba em que direção você está indo. Marque visualmente as referencias e marque o tempo também, pois quando elas sumirem você sabe mais ou menos o tempo que você se afastou delas. Conheça a cartografia da área, não precisa ser em detalhes. Esteja com seus equipamentos de sobrevivência colado no corpo, se chegar a margem você vai precisar dele.

Nesse quite reforce elementos que podem ser úteis num naufrágio, pois você pode precisar dele quando ainda estiver a deriva.

Mantenha seus meios de comunicação em embalagens a prova d'água. Se possível com bateria extra.  Essa poderá ser sua única alternativa de localização.


Um abraço a todos e espero sinceramente que essas informações sejam de grande ajuda.